Desta vez paira sobre a guerra de Gaza a fumaça da segunda guerra do Líbano. Em Israel todos juraram que haviam aprendido as lições daquela guerra. Mas a principal lição foi: não arriscar a vida de nenhum soldado. Uma guerra sem baixas (do nosso lado). Como fazer? Usar o poder de fogo esmagador de nosso Exército para destruir tudo que houver no caminho, matar todos que se moverem na área. Matar não apenas os combatentes do outro lado, mas também qualquer ser humano que possa vir a ter intenções hostis, mesmo que seja um enfermeiro de ambulância, um motorista em um comboio de alimentos ou um médico salvando vidas. Destruir todos os prédios de dentro dos quais alguém possa, presumivelmente, atirar em nossas tropas - mesmo que seja uma escola cheia de refugiados, doentes e feridos. Bombardear, com canhões e granadas, bairros inteiros, prédios, mesquitas, escolas, comboios de suprimentos da ONU, até ruínas debaixo das quais estejam soterrados feridos.

A mídia israelense dedicou várias horas a um foguete Qassam que caiu sobre uma casa em Ashkelon, cujos três moradores entraram em estado de choque, e poucas palavras para as 40 mulheres e crianças mortas numa escola da ONU, "da qual atiraram contra nós" afirmação que foi rapidamente qualificada como "evidente mentira".

O poder de fogo também foi utilizado para semear o terror bombardear tudo, de um hospital a um grande armazém de alimentos da ONU, de um ponto de observação da imprensa até as mesquitas. O pretexto padrão: "Fomos atacados a partir desses lugares."

Isso seria impossível se todo o país não estivesse com a sensibilidade ofuscada. A pessoas já não se chocam ante a imagem de um bebê mutilado ou ao saber que crianças passaram dias ao lado do cadáver da mãe porque o Exército não permitiu que saíssem das ruínas de sua casa. Aparentemente quase ninguém se importa: nem os soldados, nem os pilotos, nem os jornalistas, nem os políticos, nem os generais.

Uma insanidade moral, cujo expoente principal é Ehud Barak. Embora até Barak já possa estar sendo ultrapassado por Tzipi Livni,

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