que sorriu ao falar desses eventos horripilantes. Nem Heinrich Heine poderia ter imaginado tudo isso.
Os últimos dias foram dominados pelo "efeito Obama".
Estamos num avião e, de repente, aparece uma enorme montanha negra entre as nuvens. Na cabine, pânico: como evitar a colisão?
Quem planejou a guerra escolheu cuidadosamente o timing: nos feriados de fim de ano, todos fora de suas bases e o presidente Bush ainda por aí. Mas aparentemente esqueceram que no dia 20 de janeiro Obama entrará na Casa Branca.
Essa data, agora, lança uma sombra enorme sobre os acontecimentos. O Barak israelense sabe que se o Barack americano se zangar, isso significará um desastre. Conclusão: os horrores em Gaza têm de cessar antes da posse de Obama. Nesta semana, esse é o único fato determinante para todas as decisões políticas e militares. Não "o número de foguetes", nem "a vitória" e nem "quebrar o Hamas".
Com o cessar-fogo, a primeira questão será: quem ganhou?
Em Israel só se fala sobre "o quadro da vitória" - não sobre a própria vitória, mas "o quadro". Esse é essencialmente importante para convencer a opinião pública israelense de que valeu a pena. Neste momento, todos, milhares de jornalistas, até o último deles, estão mobilizados para a missão de desenhar o tal "quadro". O outro lado, é claro, desenhará um quadro diferente.
Os líderes israelenses se vangloriarão de duas "realizações": o fim dos foguetes e o fechamento da fronteira Gaza-Egito (também chamado "corredor Philadelphi"). Realizações duvidosas: o lançamento dos Qassams poderia ter sido impedido sem uma guerra assassina se o governo de Israel tivesse concordado em negociar com o Hamas depois que o grupo venceu as eleições palestinas. Os túneis sob a fronteira com o Egito nem teriam sido escavados se o governo israelense não tivesse imposto o bloqueio mortal à Faixa de Gaza.
Mas a principal realização dos planejadores da guerra se encontra na própria barbárie de seu plano: as atrocidades, do ponto de vista deles, terão efeito de dissuasão e esse efeito, creem eles, perdurará por muito tempo.