Um exemplo desse processo viu-se no episódio mais chocante, até agora, desta guerra: o bombardeio da Escola Fakhura, da ONU, no campo de refugiados de Jabaliya.

Imediatamente depois de o mundo tomar conhecimento do incidente, o Exército "revelou" que combatentes do Hamas estariam disparando morteiros das proximidades da entrada da escola. Como prova, exibiram uma foto aérea na qual realmente se via a escola e o morteiro. Porém, logo depois o mentiroso de plantão do Exército teve de admitir que a foto era antiga, de mais de um ano. Resumindo: a foto fora falsificada.

Depois outro porta-voz militar mentiroso declarou que "nossos soldados estavam sendo atacados a tiros, de dentro da escola". Menos de 24 horas depois o Exército teve de reconhecer diante de funcionários da ONU que a segunda declaração também era mentira. Ninguém tinha atirado de dentro da escola, não havia combatentes do Hamas dentro da escola, a qual estava cheia de refugiados apavorados.

No entanto, o desmentido não fez grande diferença. Àquela altura o público israelense já estava cegamente convencido de que "eles estavam atirando de dentro da escola" e apresentadores da TV anunciavam isso como se fosse um fato.

O mesmo aconteceu a cada nova atrocidade. Cada bebê metamorfoseava-se, no momento de morrer, em terrorista do Hamas. Cada mesquita bombardeada convertia-se instantaneamente em base do Hamas. Cada prédio residencial, em esconderijo de armas; cada escola, em posto de comando do terror; cada centro de administração pública, em "símbolo do regime do Hamas". Assim, o Exército israelense tentou apresentar uma imagem do "Exército mais moral do mundo".

A verdade é que as atrocidades são resultado direto do próprio plano da guerra. Refletem a personalidade de Ehud Barak - homem cujo modo de pensar e agir são evidência do que se conhece como "insanidade moral", desordem sociopática.

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