O objetivo real desta guerra (além de conquistar cadeiras nas próximas eleições) é destruir o regime do Hamas na Faixa de Gaza. Na imaginação dos planejadores, o Hamas é um invasor que tomou o controle de um país estrangeiro. A realidade, claro, é completamente diferente.
O movimento Hamas obteve a maioria dos votos em eleições totalmente democráticas realizadas na Cisjordânia, em Jerusalém Oriental e na Faixa de Gaza. Venceu porque os palestinos chegaram à conclusão de que a abordagem pacífica do Fatah nada obtivera de Israel - nem o congelamento dos assentamentos nem a libertação dos prisioneiros; nenhum passo significativo foi dado para terminar a ocupação e criar o Estado palestino.
O Hamas está profundamente enraizado na população - não só como movimento de resistência que combate um ocupante estrangeiro, como foram, no passado, os grupos Irgun e Stern, mas também como instituição política e religiosa que fornece serviços de assistência social, de educação e de saúde.
Do ponto de vista da população palestina, os combatentes do Hamas não são um corpo estranho, são os filhos das famílias da Faixa de Gaza e de outras regiões palestinas. Eles não "se escondem por trás da população", a população os vê como seus únicos defensores.
Portanto, toda a operação militar se baseia em premissas erradas. Transformar sua vida em um inferno não leva a população a levantarse contra o Hamas. Acontece exatamente o contrário, a população se une em torno do Hamas e fica ainda mais determinada a não se render. Os habitantes de Leningrado não se levantaram contra Stálin. Nem os ingleses de Londres levantaram-se contra Churchill.
Quem dá as ordens para uma guerra como esta, com este tipo de métodos, em uma área densamente povoada, sabe que a guerra causará um massacre terrível de civis. Aparentemente nada disso o incomodou. Ou, então, ele acreditou que os palestinos "mudarão de rumo" e que a guerra "cauterizará sua consciência", de modo que, no futuro, não se atreverão a desafiar Israel.