Os estrategistas pensaram que poderiam impedir o mundo de ver essas imagens bloqueando a cobertura da imprensa. Os jornalistas israelenses, para sua vergonha, deram-se por satisfeitos com comunicados e fotografias fornecidos pelo porta-voz do Exército, como se fossem notícias autênticas, enquanto eles próprios permaneceram a quilômetros de distância dos eventos. A entrada de jornalistas estrangeiros na Faixa de Gaza também não foi permitida, até que eles protestaram e foram levados a excursões rápidas, em grupos selecionados e controlados.

Porém, nas guerras modernas, esse tipo de noticiário estéril e manufaturado já não pode excluir completamente outras vias para obter e distribuir informação - as câmeras se encontram dentro da Faixa de Gaza, no meio do inferno, e não podem ser controladas. O canal Al Jazeera transmite imagens 24 horas e alcança todos os lares.

Essa batalha, pelas telas de televisão, é uma das mais decisivas da guerra.

Centenas de milhões de árabes, da Mauritânia ao Iraque, mais de um bilhão de muçulmanos, da Nigéria à Indonésia, veem as imagens e ficam horrorizados. As transmissões têm um impacto forte sobre o desenrolar da guerra. Muitos dos telespectadores veem os governantes do Egito, da Jordânia e da Autoridade Palestina como colaboradores de Israel nas atrocidades cometidas contra seus irmãos palestinos.

Os serviços de segurança dos regimes árabes já registram uma efervescência perigosa em vários países. De todos os líderes árabes Hosni Mubarak é o que está mais exposto, por ter fechado a passagem de Rafah diante de refugiados apavorados. Mubarak começou a pressionar Washington, que até pouco tempo atrás rejeitava todos os pedidos para um cessar-fogo.

Os governantes americanos começaram a entender a ameaça aos interesses vitais dos Estados Unidos no mundo árabe e de repente mudaram de atitude - causando consternação entre os complacentes diplomatas israelenses.

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