Anwar Sadat riu quando lhe disse: "No momento em que se abriu a porta de seu avião os israelenses estavam de respiração suspensa. Moro numa rua central em Tel Aviv e naquele momento olhei pela janela. A rua estava completamente deserta. Nada se movia, exceto um gato que corria, provavelmente para chegar logo à televisão."
Depois de amanhã, ter-se-ão passado 31 anos daquele momento, um dos mais emocionantes de nossas vidas.
O ponto de vista dos israelenses era o seguinte: Egito e Israel estavam em estado de guerra. Nos 30 anos anteriores tinha havido quatro grandes guerras, com milhares de israelenses e dezenas de milhares de egípcios mortos e mutilados. O ódio entre os dois povos era amargo e profundo. Gamai Abd-al-Nasser, predecessor de Sadat, fora oficialmente designado "o tirano egípcio" e crianças israelenses costumavam jogar fotos dele em fogueiras. O incitamento da Rádio Cairo contra Israel era vicioso. Apenas quatro anos antes daquele dia os egípcios haviam lançado um ataque surpresa contra Israel, nos dando um golpe duro.
E naquele momento, sem qualquer prelúdio, lá estava o presidente egípcio falando ao Parlamento de seu país e anunciando que pretendia ir a Jerusalém para fazer a paz. Muitos não acreditaram. O chefe do Estado-Maior do Exército israelense pensou que se tratava de uma armadilha. Ninguém levou a sério o pronunciamento de Sadat.