nos Estados Unidos até a aprovação das leis de direitos civis e durante todos aqueles anos o linchamento foi prática regular. E passaramse mais 40 anos até que um candidato negro pôde se aproximar da Casa Branca. A polícia londrina é conhecida pelo racismo. Em Berlim os cidadãos de origem turca são discriminados. Um africano pode jogar na seleção francesa de futebol, mas não tem qualquer chance de chegar à presidência da República.
Quanto a isso Aco não é diferente do resto do mundo.
Jean-Paul Sartre disse que há um pequeno racista dentro de cada um de nós. A única diferença está entre os que sabem disso e tentam derrotá-lo e os que se rendem a ele.
Por acaso, enquanto os tumultos abalavam a cidade de Aco, passei o Yom Kippur lendo o fascinante livro de William Polk, Neighbors and Strangers (Vizinhos e Estranhos), sobre as origens do racismo. Como outros animais, o homem antigo era caçador e coletor. Vagava com sua família ampliada, um grupo com não mais de 50 indivíduos, em uma área que mal lhe fornecia recursos para sua própria subsistência. Qualquer estranho que invadisse aquele território representava uma ameaça mortal, enquanto ele mesmo tentava invadir áreas vizinhas, para aumentar as próprias chances de sobreviver. Em outras palavras: o medo do estrangeiro e o impulso para expulsá-lo parecem estar inscritos profundamente em nossa herança biológica e há milhões de anos.
O racismo pode ser derrotado, ou no mínimo controlado, mas para isso é preciso um trabalho consciente, sistemático e consistente.
Em Aco - como em outros lugares em Israel - esse trabalho não é feito.
Neste país o racismo está obviamente ligado ao conflito nacional que já dura cinco gerações. Os eventos de Aco são apenas mais um episódio na guerra entre os dois povos deste país.
A extrema-direita judaica, inclusive o núcleo mais duro dos colonos, não esconde a intenção de expulsar todos os árabes e converter o país inteiro em um Estado exclusivamente judaico. O que significa