limpeza étnica. Parece ser o sonho de uma pequena minoria, mas pesquisas de opinião pública têm mostrado que essa tendência se alastra em um público bem mais amplo, mesmo de forma semiconsciente, oculta e negada.

Na comunidade árabe há provavelmente quem sonhe com os velhos tempos, antes de os judeus chegarem e tomarem o país pela força.

Quando judeus fazem um pogrom em Aco, seja qual for o motivo imediato, o caso ganha proporções de caráter nacional.

O incêndio de casas árabes em um bairro judaico imediatamente faz despertar o medo dos árabes da limpeza étnica. Quando jovens árabes invadem um bairro judaico para salvar um irmão árabe ameaçado os judeus imediatamente se lembram do massacre de 1929, quando judeus foram assassinados por árabes em Hebron - que então também era cidade "mista".

Existe uma esperança razoável de algum dia terminarmos o conflito nacional e alcançarmos uma solução pacífica aceita por ambos os povos (se não for por outras razões, será apenas por não haver alternativa). Existirá então um Estado palestino, ao lado de Israel, e ambos os povos entenderão que essa é a melhor solução possível.

(Os incidentes em Aco devem dar o que pensar aos que acreditam na solução de um único Estado no qual judeus e árabes viveriam em fraternidade e igualdade. Uma "solução" semelhante transformaria o país inteiro em uma grande Aco.)

Mas a paz baseada em dois Estados que coexistam lado a lado não resolverá automaticamente o problema dos cidadãos árabes em Israel, Estado que se define como "judaico". Devemos nos preparar para uma longa luta pelo caráter do nosso Estado.

O extremista de direita Avigdor Lieberman propôs que cidades árabes localizadas em Israel sejam anexadas ao Estado palestino; em troca seriam anexados a Israel os blocos de assentamentos construídos nos territórios palestinos ocupados. Nada disso diz respeito, é claro, aos habitantes árabes de Aco, Haifa, Yafo, Nazaré e das cidades da Galileia.

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