Hussein. Lembro-me de uma frase de Hussein: "Os alemães mataram seis milhões de judeus e apenas seis anos depois vocês fizeram a paz com a Alemanha. Mas conosco os judeus se recusam a fazer a paz."
Darwish filiou-se ao Partido Comunista, que naquela época era o único partido em que um nacionalista árabe podia atuar politicamente. Editou os jornais do partido.
O partido o enviou para estudar em Moscou, mas o expulsou quando Darwish decidiu não voltar a Israel. Em vez de voltar, entrou na OLP e foi para o quartel-general de Yasser Arafat em Beirute.
Lá o encontrei outra vez, num dos momentos mais emocionantes de minha vida, quando cruzei as linhas em julho de 1982, no auge do sítio de Beirute, e me encontrei com Arafat. O líder palestino insistiu em que Mahmoud Darwish estivesse presente naquele encontro simbólico: era a primeira vez que Arafat se encontrava com um israelense. Mandou chamar Darwish.
A descrição do sítio de Beirute é um dos trabalhos mais impressionantes de Darwish. Naqueles dias tornou-se o poeta nacional. Acompanhou a luta palestina e nas sessões do Conselho Nacional Palestino, instituição que uniu todas as partes do povo palestino, eletrizava os participantes declamando seus poemas.
Naqueles anos Darwish era muito próximo de Arafat. Enquanto Arafat era o líder político do movimento nacional palestino, Darwish era o líder espiritual. Foi ele quem escreveu a Declaração de Independência Palestina, adotada na sessão de 1988 do Conselho Nacional, por iniciativa de Arafat. É muito semelhante à Declaração de Independência de Israel, que Darwish aprendera na escola.
Ele claramente entendeu seu significado: ao adotar esse documento, o Parlamento palestino no exílio aceitou, na prática, a ideia de estabelecer-se um Estado palestino lado a lado com Israel, apenas numa parte da pátria, como Arafat propusera.
A aliança entre os dois rompeu-se quando foram assinados os acordos de Oslo. Para Arafat tratava-se de "o melhor acordo possível, na pior situação possível". Darwish acreditava que Arafat concedera