Num dos cantos mais belos da Bíblia o poeta diz:
Se me esquecer de ti, ó Jerusalém, que se paralise minha mão direita.
Grude minha língua ao céu da boca se me esquecer de ti, se não puser
Jerusalém no auge de minhas alegrias! (Salmos 137:5)
Por alguma razão o poeta não escreveu "Se me esquecer de ti, ó Umm Touba!" Nem escreveu "se me esquecer de ti, ó Sur Baher!", nem "se me esquecer de ti, ó Jabal Mukaber! ", nem tampouco escreveu "Se me esquecer de ti, ó Ein Karem!"
Fato que se deve sempre lembrar em qualquer discussão sobre Jerusalém: não há qualquer semelhança entre a Jerusalém da Bíblia e a "Jerusalém" do mapa israelense atual. A cidade pela qual clamaram os exilados que choraram às margens dos rios de Babilônia foi a Jerusalém real - mais ou menos correspondente aos limites da Cidade Velha, cujo centro é o Monte do Templo. No máximo, um quilômetro quadrado, não mais.
A área redefinida de Jerusalém depois da anexação de 1967 é uma grande região, de cerca de 126 quilômetros quadrados, de Belém, ao sul, até Ramallah, ao norte. Essa área recebeu o nome de "Jerusalém", para conferir uma aura religiosa-nacional-histórica a um ato de roubo de terras e colonização.