Nessas circunstâncias se coloca uma pergunta: por que estão fazendo o que fazem? Primeiro, porque encontram a oportunidade parafazer. Alguém que seja motorista de escavadeira em uma construção em Jerusalém Ocidental pode simplesmente colidir com um ônibus em qualquer esquina. Um motorista de caminhão pode atropelar pessoas. E relativamente fácil realizar um ataque a tiros, como no recente incidente no Portão dos Leões, no qual os responsáveis não foram capturados. Não há serviço de inteligência que possa evitar ações desse tipo, em que o agressor não tem parceiros e não é membro de organização alguma.
Pelo que disseram os comentaristas esta semana, vê-se que eles nem imaginam o ódio que se acumula na cabeça de um jovem árabe de Jerusalém, ao longo de anos de humilhação, abuso, discriminação e desamparo. É mais fácil e divertido embarcar em descrições pornográficas das 72 virgens que esperam os mártires no paraíso muçulmano - o que farão com elas, como farão, quem conseguirá dar conta de todas.
Um dos fatores principais para alimentar o ódio é a demolição de casas "ilegais" de habitantes árabes, que não encontram meios para construí-las "legalmente".
A dimensão da estupidez oficial é atestada pelo que disse esta semana o chefe do Shin-Bet, que sugeriu que se destruam as casas das famílias dos atacantes, em nome da "dissuasão". Aparentemente ele não ouviu falar das dúzias de estudos e da experiência acumulada que demonstram que cada casa destruída converte-se em uma incubadora de novos vingadores movidos pelo ódio.
O ataque desta semana é especialmente instrutivo. Não se sabe exatamente o que aconteceu: Ghassan Abu-Tir planejou o ataque antecipadamente? Ou foi uma decisão espontânea, em um momento de turbilhão emocional? Será que foi mesmo um ataque - ou a escavadeira colidiu com o ônibus por acidente e o motorista, em pânico, tentou escapar, atropelando os que o perseguiram e tornando-se alvo dos tiros de civis e soldados? Na atmosfera de suspeita e medo que vigora em Jerusalém hoje em dia qualquer acidente de trânsito en¬