volvendo um árabe torna-se um atentado e qualquer motorista árabe envolvido em um acidente de trânsito pode vir a ser executado na rua, sem julgamento. (Não se deve esquecer que a primeira Intifada eclodiu por causa de um acidente na estrada, no qual um motorista judeu atropelou vários árabes.)

E, outra vez, eis a questão: qual é a solução para esse problema complexo, que desperta emoções tão violentas, alimenta-se de mitos profundamente enraizados e cria dilemas morais como esses para milhões de pessoas no mundo inteiro?

Esta semana surgiram várias propostas. Uma delas, de construir um muro que divida Jerusalém ao meio, como o Muro de Berlim (além do muro que já existe em volta da cidade). Ou punir famílias inteiras pelos crimes de seus filhos, bem semelhante à sippenhaft dos nazistas. Ou expulsar as famílias da cidade. Ou retirar-lhes o status de residência. Ou demolir suas casas. Ou negar-lhes os benefícios da Seguridade Social, embora tenham pagado por eles.

Todas essas "soluções" têm uma coisa em comum - já foram tentadas no passado, aqui e em outros lugares, e nenhuma resolveu problema algum.

Resta a única solução ainda não tentada, a mais óbvia: transformar Jerusalém Oriental em capital do Estado da Palestina e possibilitar que seus habitantes estabeleçam seu próprio poder municipal. E, ao mesmo tempo, manter a cidade inteira como entidade urbana unida, sob a administração de uma superprefeitura, na qual árabes e judeus tenham direitos iguais.

Fico feliz de saber que em sua recente visita a Israel Barack Obama repetiu quase palavra a palavra esse plano, que o Gush Shalom (Bloco da Paz) publicou há cerca de dez anos, em colaboração com Feisal Husseini, o líder falecido da comunidade árabe de Jerusalém.

Os ataques são fruto de desespero, frustração e ódio, da sensação de que não há saída. Só uma solução que responda a esses sentimentos pode trazer segurança às duas partes de Jerusalém.

26/7/2008

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