Mas podem-se rastrear os culpados ainda antes, desde a primeira guerra do Líbano, de Ariel Sharon, em 1982. Então, também, toda a mídia, os partidos e os intelectuais influentes deliraram e apoiaram a guerra, desde o primeiro dia. Antes daquela guerra desastrosa a comunidade xiita era nossa boa e tranquila vizinha. Sharon é responsável pela ascensão do Hezbollah; e o Exército israelense deu oportunidade a Nasrallah para que se tornasse o que veio a ser, assassinando seu antecessor.
Nem se pode esquecer Shimon Peres, que criou a desastrosa "Zona de Segurança" no sul do Líbano, em vez de sair de lá a tempo. E David Ben-Gurion e Moshe Dayan, que, em 1955, propuseram impor um "prefeito cristão" como ditador do Líbano, que assinaria um tratado de paz com Israel.
A mistura letal de arrogância e ignorância, típica dos israelenses que lidam com o mundo árabe, também é responsável pelo que aconteceu na quarta-feira. Seria ótimo se esse episódio ensinasse a nossos líderes um pouco de modéstia e respeito pelos sentimentos dos outros, além de alguma capacidade para ler o mapa da realidade, em vez de viverem em uma bolha de autismo nacional. Mas temo que aconteça o oposto: um fortalecimento dos sentimentos de raiva e insulto, de hipocrisia e de ódio.
Todos os governos israelenses têm responsabilidade pela onda nacionalista-religiosa no mundo árabe, que é muito mais perigosa para Israel do que o nacionalismo secular de líderes como Yasser Arafat e Bashar al-Assad.
Esta semana aconteceu outra coisa importante: em um grande salto, o presidente sírio pulou do isolamento imposto pelos Estados Unidos para o estrelato global, em um grandioso show internacional em Paris. As tentativas patéticas de Olmert, Tzipi Livni e de um bando de jornalistas israelenses de apertar a mão de Assad, ou pelo menos de algum ministro ou algum funcionário, de um guarda-costas, que fosse, foram cenas de comédia do tipo pastelão.