Nenhum governo israelense sequer cogitará de iniciar qualquer ataque ao Irã sem o consentimento explícito e total dos Estados Unidos e tal consentimento não será dado.
Então, o que significam todos esses treinamentos, que geram manchetes tão dramáticas na mídia internacional?
A Força Aérea israelense realizou exercícios a 1.500 quilômetros do nosso litoral. Os iranianos responderam com testes de disparos de seus mísseis Shihab, de alcance semelhante. Antigamente movimentos desse tipo eram chamados de "agitar os sabres", hoje em dia o termo preferido é "guerra psicológica". São úteis para políticos fracassados, com problemas internos, para desviar a atenção, assustar os cidadãos. E dão ótimas imagens de televisão. Mas o mais simples bom-senso nos diz que quem planeja um ataque surpresa não sobe ao telhado proclamando que vai atacar. Menachem Begin não encenou qualquer treinamento público antes de enviar os caças para destruir o reator iraquiano. Nem Ehud Olmert fez um discurso sobre sua intenção de bombardear um misterioso prédio na Síria.
Desde o rei Ciro, o Grande, fundador do Império Persa há cerca de 2.500 anos, que permitiu que os israelitas exilados na Babilônia voltassem a Jerusalém e ali construíssem um templo, as relações entre israelenses e persas têm altos e baixos.
Até a revolução de Khomeini houve uma firme aliança entre eles. Israel treinou a temida polícia secreta do xá (Savak). O xá era sócio do oleoduto Eilat-Ashkelon, projetado para contornar o Canal de Suez. (O Irã ainda está tentando receber o pagamento pelo petróleo que forneceu naquela época.)
O xá ajudou a infiltrar oficiais do Exército israelense na parte curda do Iraque, onde auxiliaram na revolta comandada por Mustafa Barzani contra Saddam Hussein. Aquela operação foi interrompida quando o xá traiu os curdos iraquianos e fez um acordo com Saddam. Mas a cooperação Israel-Irã foi praticamente restaurada depois que Saddam atacou o Irã. Ao longo daquela guerra longa e cruel (1980-