Foi apenas uma conversa de passagem, mas ficou gravada na minha memória.
Aconteceu logo depois da Guerra dos Seis Dias. Estava saindo da sala principal do Parlamento, depois de um discurso em que eu exigira o imediato estabelecimento de um Estado palestino.
Outro deputado veio pelo corredor - um homem simpático, do Partido Trabalhista, ex-motorista de ônibus. "Uri", disse ele, puxando-me pelo braço, "o que diabos você está fazendo? Você poderia ter uma carreira brilhante! Você aborda vários temas atraentes - contra a corrupção, pela separação entre Estado e religião, pela justiça social. Poderia ter um grande sucesso nas próximas eleições. Mas está estragando tudo com esses discursos sobre os árabes. Por que não para com este absurdo?"
Respondi que ele tinha uma certa razão, mas que eu não podia fazer o que estava sugerindo. Não via sentido algum em ser membro do Parlamento se não podia dizer a verdade como a via.
Fui reeleito, nas eleições seguintes, mas para liderar outra vez um pequeno partido, que jamais cresceria a ponto de ter grande força no Parlamento. O que o homem profetizara aconteceu.
Ao longo dos anos muitas vezes me perguntei se acertei daquela vez. Não teria sido melhor abrir mão de princípios, mesmo por