pouco tempo, e ganhar força política, sem a qual é impossível implementar os princípios?
Não sei se minha escolha foi correta. Mas jamais senti qualquer remorso, pois aquela era a escolha certa para mim.
Lembro-me daquela conversa quando ouço falar de Barack Obama. Ele enfrenta o mesmo dilema.
Há uma grande diferença, é claro. Eu liderava um grupo político muito pequeno, num país muito pequeno. Ele lidera um partido enorme, num país enorme. Ainda assim, a natureza dos dilemas políticos é a mesma em todos os países, sejam grandes ou pequenos.
A política, como disse Bismarck, é "a arte do possível". Exige concessões. O político é um profissional, não muito diferente do carpinteiro ou do advogado. Seu trabalho é reunir maiorias para promulgar leis e tomar decisões. Para conseguir isso, precisa fazer concessões. Alguns o fazem facilmente, pois de qualquer maneira não dão muita importância aos princípios. Mas para gente de princípios pode ser muito difícil.
Qual é, então, o lugar dos princípios na política? Um político deve sacrificar alguns princípios para implementar outros? Qual é o limite?
Em campanhas eleitorais esse dilema torna-se ainda mais agudo.
Ao longo da minha vida política fiz cinco campanhas eleitorais como candidato ao Parlamento. Venci quatro, perdi uma.
Nestes dias venho acompanhando a campanha de Barack Obama. Às vezes entendo, às vezes fico irritado, às vezes, preocupado.
Ouço o que ele diz e entendo por que diz o que diz.
Observo o que ele faz e frequentemente fico irritado.
Vejo-o andando no arame sobre um abismo e fico preocupado.
Vi-o se apresentando ao lobby judaico, quando bateu todos os recordes de bajulação, e perguntei a mim mesmo: "Mas é este o homem que deverá trazer a Grande Mudança?"
Ouvi-o falando com entusiasmo sobre o direito dos cidadãos ao porte de armas, inclusive Uzis e Kalashnikovs, e balancei a cabeça. "O que é isso, Obama?"