Ouvi-o defendendo a pena de morte, punição bárbara que coloca os Estados Unidos em algum lugar entre o Irã e a Arábia Saudita, e não acreditei nos meus ouvidos. Obama???

Parece que a cada dia Obama se afasta mais de si mesmo - e ainda estamos no começo da campanha eleitoral propriamente dita.

Imagino o que sejam as discussões na equipe da campanha. Obama, lá, sentado, cercado de estrategistas, especialistas em pesquisas de opinião e em relações públicas, todos grandes experts, no topo de suas profissões.

Veja bem, Barack - diz um deles - esses são os fatos da vida. Os liberais estão com você seja como for; você não precisa convencê-los. Os conservadores estão contra você e nada mudará a posição deles. Mas entre esses dois extremos há milhões de eleitores que determinarão o resultado. Esses é que você deve atrair. Portanto, não diga coisa alguma que seja inusitada ou radical.

Você precisa dizer o que eles querem ouvir - diz o segundo. Nada que cheire a liberalismo linha-dura, por favor. Também precisamos dos votos dos direitistas e dos evangélicos.

Qualquer frase definitiva espantará eleitores - insiste um terceiro. Qualquer tema de princípios poderá irritar alguém; portanto, por favor, não entre em detalhes. Fique só com generalidades vagas, que satisfazem a todos.

Vi muitos candidatos, tanto em Israel como nos Estados Unidos, que iniciaram a campanha com um programa claro e incisivo e terminaram como políticos sem cara, sem foco e sem graça.

No grande drama de Goethe, Fausto vende a alma ao diabo em troca de sucesso neste mundo. Todos os políticos têm seu próprio diabo, que lhes oferece o poder em troca de suas almas.

Você tem princípios - sussurra o diabo em sua orelha. Belos princípios, mas se você não ganhar as eleições não terão valor algum. Você só poderá implementar seus princípios se chegar ao poder. Portanto, vale a pena abrir mão de alguns princípios, fazer algumas

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