concessões, com o objetivo de ganhar. Depois você estará livre para fazer o que seu coração desejar.
O candidato sabe que é verdade. Para pôr em ação os seus planos, é preciso, antes de tudo, ser eleito. Para ser eleito, é preciso também dizer coisas nas quais não acredita e ceder em pontos nos quais acredita muito.
E novamente a questão é: onde está o limite? Que concessões são admissíveis para alcançar o objetivo? Onde passam as linhas vermelhas?
O diabo sabe que pequenas concessões levarão a concessões maiores e assim ladeira abaixo, até a perda da alma. Sem que o candidato perceba ele vai escorregando e quando abre os olhos se encontra atolado no pântano sujo da política.
Este é o primeiro teste para aqueles que aspiram à liderança: saber a diferença entre o admissível e o proibido. Entre "a arte do possível" e "o fim justifica os meios". Entre a insistência teimosa em preservar seus princípios e a rendição total aos especialistas, que transformam qualquer programa novo em uma mistura de frases vazias.
Desde seus primórdios na Grécia a democracia vive acossada por uma questão: pode-se mesmo confiar no povo, no demos, para fazer as escolhas certas? Como pode o público escolher entre diferentes soluções para problemas que não entende realmente? Afinal, os milhões de eleitores não têm conhecimento básico algum sobre assuntos relacionados ao orçamento, nem sobre a complexidade das relações internacionais, ou da estratégia militar ou de outros milhares de temas sobre os quais um chefe de Estado tem de decidir.
A resposta é: sim, os eleitores não têm a menor ideia dessas questões. Não se pode exigir que um motorista de táxi, um dentista ou mesmo um professor de matemática conheça detalhes de tribos afegãs ou do mercado internacional de petróleo.
A democracia representativa é inescapável e o eleitor só tem um critério para julgar: a percepção de qualidades de liderança.