Na minha opinião, um discurso nesses termos é absolutamente essencial para abrir um novo capítulo na história deste país.
Em décadas de encontros com palestinos de todos os tipos, cheguei à conclusão de que os aspectos emocionais do conflito são tão importantes - e talvez sejam ainda mais importantes - do que os aspectos políticos. Um profundo sentimento de injustiça permeia as mentes e as ações de todos os palestinos. Sentimentos de culpa, inconscientes ou semiconscientes, atormentam as almas dos israelenses, criando uma convicção profunda de que os árabes nunca farão a paz conosco.
Não sei quando será possível um discurso como esse. Muitos fatores imprevisíveis contribuirão para que isso aconteça ou não. Mas sei que sem um discurso como esse, simples acordos de paz assinados por diplomatas não vão bastar. Como os acordos de Oslo demonstraram, construir uma ilha artificial em um mar de emoções tempestuosas não funciona.
O pedido público de desculpas, pelo primeiro-ministro do Canadá, não é a única coisa que podemos aprender daquele país da América do Norte.
Há 43 anos o governo canadense deu um passo extraordinário para fazer a paz entre a maioria falante de inglês e a minoria falante de francês. O relacionamento conflituoso entre as duas partes da população continuava sendo uma ferida aberta, desde que os britânicos conquistaram o Canadá francês, cerca de 250 anos atrás. Há 43 anos a bandeira do Canadá, até então inspirada na Union Jack britânica, foi substituída por outra, com a folha de bordo.
Naquela ocasião, o presidente do Senado disse: "Esta bandeira é símbolo da união nacional, dado que ela, sem dúvida, representa todos os cidadãos do Canadá, sem distinção de raça, de língua, de fé ou de opinião."
Também aí há algo que podemos aprender.
14/6/2008