étnica. Na realidade, esse foi um plano militar para criar um território contínuo sob nosso controle, como parte da preparação para o confronto crucial com os exércitos árabes.

Está dizendo que, naquele estágio, ainda não havia a decisão básica de expulsar os árabes?

É preciso lembrar a situação política: nos termos da resolução da ONU, o "Estado judaico" deveria englobar mais da metade da Palestina (de acordo com as fronteiras de 1947, sob o Mandato Britânico). Nesse território, mais de 40 por cento da população eram árabes. Os porta-vozes árabes argumentavam que era impossível estabelecer um Estado judeu no qual quase metade da população era árabe e exigiam o cancelamento da resolução da partilha. Os judeus, que se atinham à resolução da ONU, queriam provar que a partilha era possível. Então houve alguns esforços (em Haifa, por exemplo) para convencer os árabes a não deixar suas casas. Mas a realidade da própria guerra provocou o êxodo em massa.

É preciso entender que em nenhum momento os árabes "fugiram do país". Em geral as coisas aconteciam assim: no curso dos combates uma aldeia árabe era intensamente bombardeada. Os moradores homens, mulheres e crianças - fugiam, é claro, para a aldeia mais próxima. Então, atirávamos na outra aldeia e eles fugiam para a próxima, e assim por diante, até que o armistício entrou em vigor e de repente havia uma fronteira demarcada (a Linha Verde) entre os refugiados e suas casas. O massacre de Deir Yassin deu mais um forte empurrão para o êxodo.

Nem os habitantes de Yafo deixaram o país - afinal, Gaza, onde se refugiaram, também é parte da Palestina.

Quando começou a "limpeza étnica"?

Na segunda metade da guerra, depois de detido o avanço dos exércitos árabes, uma deliberada política para expulsar os árabes tornou-se, em si, objetivo de guerra.

A bem da verdade deve-se lembrar que não aconteceu de um só lado. Poucos árabes permaneciam nos territórios conquistados pelo

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