Enquanto durar a ocupação não há qualquer possibilidade de que isso aconteça. Um general israelense disse, esta semana, que se o Exército de Israel suspendesse as operações na Cisjordânia, o Hamas substituiria Abbas lá também.
O governo de Mahmoud Abbas se sustenta sobre pés de barro - pés israelenses e americanos. Se os palestinos perderem completamente a confiança que ainda têm em Abbas, o poder dele desaba.
- Mas como é possível um acordo com uma organização que declara que jamais reconhecerá Israel e seu programa prega a destruição do Estado judaico?
Toda essa questão de "reconhecimento" é absurda, um pretexto para evitar qualquer diálogo. Não precisamos do "reconhecimento" de ninguém. Quando os Estados Unidos iniciaram negociações com o Vietnã não exigiram reconhecimento como Estado anglo-saxônico, cristão ou capitalista.
Se A assina um acordo com B, significa que A reconhece B. O resto é conversa fiada.
Ainda sobre o mesmo assunto: o barulho sobre a Carta do Hamas faz lembrar do ruído em torno da Carta da OLP, naquele tempo. Tratava-se de um documento bastante desimportante, que durante anos foi utilizado por nossos líderes políticos como pretexto para negar qualquer diálogo com a OLP. Céus e terra foram movidos para que a OLP anulasse aquele documento. Quem se lembra disso hoje? Os atos de hoje e de amanhã são importantes, papéis de ontem não.
- Sobre o que deveríamos conversar com o Hamas?
Antes de tudo, sobre um cessar-fogo. Quando uma ferida está sangrando é preciso conter a hemorragia antes que a própria ferida possa ser tratada.
O Hamas já propôs um cessar-fogo várias vezes, Tahidiyeb ("Calma") em árabe. Significaria suspensão de todas as hostilidades: suspender os ataques com foguetes Qassams e Grad e os morteiros do Hamas e das outras organizações; e "os assassinatos seletivos", as incursões militares e o bloqueio de fome imposto por Israel.