As negociações devem ser conduzidas pelos egípcios, principalmente, pois eles teriam de abrir a fronteira entre a Faixa de Gaza e o Sinai. Gaza deve recobrar a liberdade para comunicar-se com o mundo, por terra, mar e ar.
Se o Hamas exigir que o cessar-fogo também seja estendido à Cisjordânia, essa questão também terá de ser discutida. Nesse caso, seriam necessárias negociações entre as três partes: Hamas, Fatah e Israel.
- O Hamas não aproveitará o cessar-fogo para armar-se?
Certamente. Assim como fará Israel. Talvez finalmente consigamos
encontrar um sistema de defesa contra os foguetes de curto alcance.
- Se o cessar-fogo for mantido, qual será o passo seguinte?
Uma trégua, ou hudna, em árabe.
O Hamas teria problemas para assinar um acordo formal com Israel, porque a Palestina é um waqf- um legado religioso. (Esse conceito surgiu por razões políticas. Quando o califa Omar conquistou a Palestina, temeu que seus generais dividissem o país entre eles, como já haviam feito na Síria. Então, decretou a Palestina propriedade de Alá. Lembra a atitude de nossos próprios religiosos, que afirmam que seria um pecado ceder qualquer parte do país porque Deus claramente prometeu a terra a nós.)
A hudna é uma alternativa para a paz. É um conceito que tem raízes profundas na tradição islâmica. O próprio profeta Maomé estabeleceu uma hudna com os governantes de Meca, contra os quais esteve em guerra depois de voltar de Meca a Medina. (Aliás, antes de a hudna expirar, os habitantes de Meca adotaram o Islã e o profeta entrou pacificamente na cidade.) Dado que a hudna implica uma sanção religiosa, nenhum fiel muçulmano pode violar esse tipo de trégua.
Uma hudna pode durar por décadas e ser prorrogada ilimitadamente. Uma longa hudna é, na prática, uma paz, se as relações entre as partes criarem uma realidade de paz.
- Então, é impossível uma paz formal?