Na luta pelo poder no Líbano - principal batalha à qual Nasrallah se dedica - o Hezbollah ganhou uma grande vantagem. Multidões acorreram aos funerais, o que turvou o brilho da homenagem póstuma ao seu adversário, Rafiq al-Hariri. Em seu discurso, Nasrallah descreveu seus adversários, desdenhosamente, como cúmplices no assassinato do herói, colaboradores desprezíveis de Israel e dos Estados Unidos, e mandou que se mudassem para Tel Aviv ou Nova York. Avançou mais um passo na luta para dominar a Terra dos Cedros.

E o mais importante: a raiva contra o assassinato e o orgulho pelo mártir servirão de inspiração para mais uma geração de jovens, que estará disposta a morrer por Alá e Nasrallah. Quanto mais a propaganda israelense engrandece a figura de Mughniyeh, mais jovens xiitas estarão motivados a seguir seu exemplo.

Nesse contexto, é interessante analisar a carreira do próprio homem. Quando Mughniyeh nasceu, numa aldeia xiita no sul do Líbano, os xiitas eram uma comunidade desprezada, oprimida e impotente. Ele aderiu ao movimento palestino Fatah, que naquela época dominava o sul do Líbano, e chegou a ser um dos guarda-costas de Yasser Arafat (é possível que eu o tenha visto, quando encontrei Arafat em Beirute). Mas quando Israel conseguiu expulsar as forças do Fatah do sul do Líbano, Mughniyeh ficou para trás e juntou-se ao Hezbollah, a nova força combatente que então brotava, como resultado direto da ocupação israelense.

Israel hoje se parece com aquela pessoa cujo vizinho de cima deixou cair uma bota no chão e fica esperando que a segunda bota caia.

Todos sabem que o assassinato de Mughniyeh será vingado. Nasrallah prometeu vingança e disse que pode acontecer em qualquer lugar do mundo. Já faz muito tempo que os israelenses acreditam muito mais em Nasrallah do que em Olmert.

Os serviços de segurança israelenses estão emitindo lúgubres mensagens de alerta para quem tenha viagem marcada para o exterior - ficar alerta o tempo todo, não se fazer notar, não se reunir com outros israelenses, não aceitar convites inusitados etc. A mídia

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