Essas palavras são pura chutzpa: como alguém pode tomar uma decisão como essa sem ter uma resposta clara se o preço vale a pena?
Desconfio que a razão real das "liquidações" é tanto política como psicológica. É política porque as "liquidações" agradam à opinião pública em Israel. Depois de cada "liquidação" há alegria. Quando a vingança chega, o público (e a mídia) não vê a relação entre a "liquidação" e a resposta. Cada fato é visto separadamente. Pouca gente tem tempo e inclinação para pensar sobre isso quando todos ardem de fúria pelo último ataque sanguinário.
Na situação atual, há uma motivação política adicional: o Exército não tem resposta para os foguetes Qassam, nem tem qualquer desejo de atolar-se na reocupação da Faixa de Gaza, com todas as baixas previstas. Uma "liquidação" sensacionalista constitui uma alternativa simples.
A razão psicológica também é clara: dá uma certa satisfação. É verdade que a "liquidação" - como a palavra demonstra - é mais adequada para o submundo do que para os órgãos de segurança de um Estado. Mas é uma tarefa desafiante e complexa, como nos filmes sobre a Máfia, que dá muita satisfação aos "liquidadores". Ehud Barak, por exemplo, foi um liquidador desde o início de sua carreira militar. Quando a "liquidação" é bem-sucedida, os responsáveis podem erguer as taças de champanhe.
A mistura de sangue, champanhe e loucura é um coquetel inebriante, porém venenoso.
16/2/2008