tíveis. Grandes áreas de Gaza ficaram sem eletricidade - inclusive para incubadoras de bebês prematuros, aparelhos de diálise, bombas de água e de esgoto. Centenas de milhares de pessoas ficaram sem aquecimento, em um clima muito frio, sem poder cozinhar e com a comida acabando.
A TV Al Jazeera transmitiu continuamente as imagens de Gaza para milhões de lares no mundo árabe. Canais de televisão no mundo inteiro também as exibiram. De Casablanca a Aman eclodiram protestos furiosos de massas nas ruas e assustaram os regimes árabes autoritários. Hosni Mubarak telefonou em pânico para Ehud Barak. Na mesma noite Barak foi obrigado a cancelar, pelo menos temporariamente, o bloqueio de combustível que tinha imposto de manhã. Exceto por isso o bloqueio permaneceu total.
É difícil imaginar um ato mais estúpido.
A razão apresentada para condenar à fome e ao frio 1,5 milhão de seres humanos apinhados em um território de apenas 365 quilômetros quadrados é o contínuo bombardeio contra a cidade de Sderot e vilarejos vizinhos.
Essa razão foi bem escolhida. Expressa o que há de mais primitivo na opinião pública em Israel. Faz calar as críticas da ONU e de governos em todo o mundo que, de outro modo, protestariam contra uma punição coletiva que, sem dúvida, configura crime de guerra segundo a lei internacional.
Apresenta-se ao mundo um quadro simplificado: o regime de terror do Hamas em Gaza lança mísseis contra civis israelenses inocentes. Nenhum governo do mundo pode tolerar um bombardeio, a partir do outro lado da fronteira, contra seus cidadãos. O Exército israelense não possui uma resposta militar para os foguetes Qassam. Portanto, não resta outra saída além de pressionar fortemente a população de Gaza para levá-la a se levantar contra o Hamas e obrigá-lo a parar o lançamento de mísseis.
No dia em que a eletricidade em Gaza parou de funcionar, os correspondentes militares israelenses festejaram: só dois foguetes