Para o Hamas, cessar-fogo significa: os palestinos deixarão de disparar Qassams e morteiros, os israelenses cessarão as incursões em Gaza, os assassinatos "seletivos" e o bloqueio.

Por que nosso governo não aceita imediatamente essa proposta?

É simples: para chegar a tal acordo, precisamos falar com o Hamas, direta ou indiretamente. Mas é isso, precisamente, que o governo se nega a fazer.

Por quê? Outra vez, é simples: porque Sderot é apenas um pretexto - como os dois soldados capturados pelo Hezbollah foram um pretexto. O objetivo real de toda a operação é derrubar o regime do Hamas em Gaza e evitar que o Hamas tome o controle na Cisjordânia.

Em palavras simples e claras: o governo sacrifica o destino da população de Sderot no altar de uma posição fadada ao fracasso. Para o governo é mais importante boicotar o Hamas - pois o grupo é hoje a ponta de lança da resistência palestina - do que pôr um fim ao sofrimento de Sderot. E toda a mídia colabora com essa manipulação.

Já foi dito que é perigoso escrever sátiras sobre nosso país - com frequência demasiada a sátira torna-se realidade. Alguns leitores talvez se lembrem de um artigo satírico que escrevi há alguns meses. No artigo, descrevi a situação em Gaza como uma experiência científica para descobrir até que ponto se pode chegar em matéria de esfomear civis e tornar sua vida um inferno até que levantem as mãos e se rendam.

Esta semana a sátira virou uma política oficial. Comentaristas respeitados afirmaram que Ehud Barak e os comandantes militares estão trabalhando na linha de "tentativa e erro" e mudam seus métodos diariamente conforme os resultados. Param de fornecer combustível a Gaza, observam como funciona e voltam atrás quando a reação internacional é negativa demais. Suspendem o fornecimento de medicamentos, veem como funciona etc. O fim científico justifica os meios.

O homem encarregado desse experimento é o ministro da Defesa, Ehud Barak, homem de muitas ideias e poucos escrúpulos, homem cujo modo de raciocinar é basicamente desumano. Ele é hoje, provavelmente, a pessoa mais perigosa em Israel, mais perigoso do que Ehud

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