No dia seguinte veio a grande investida. Combatentes palestinos explodiram o muro em vários pontos. Centenas de milhares de palestinos entraram em território egípcio e respiraram fundo. O bloqueio foi rompido.

Já antes disso a situação de Mubarak era insustentável. Centenas de milhões de árabes, um bilhão de muçulmanos, viram o Exército de Israel fechando a Faixa de Gaza por três direções: pelo norte, pelo leste e pelo mar. O bloqueio pela quarta direção foi executado pelo Exército egípcio.

O presidente do Egito, que se apresenta como líder de todo o mundo árabe, foi visto como colaborador de uma operação desumana, conduzida por um inimigo cruel, para obter os favores (e o dinheiro) dos americanos. Seus inimigos internos - a Irmandade Muçulmana - exploraram essa situação para rebaixá-lo aos olhos de seu próprio povo.

Dificilmente Mubarak teria podido manter aquela posição. Mas a multidão palestina o livrou da necessidade de tomar uma decisão. Decidiu por ele. Irrompeu como um tsunami. Agora Mubarak deve decidir se cederá à exigência israelense que reimponha o bloqueio contra seus irmãos árabes.

E quanto ao experimento de Barak? Qual será o próximo passo? As opções são poucas:

(a) Reocupar Gaza. O Exército não gosta dessa ideia. Entende que a reocupação estaria expondo milhares de soldados a uma guerra de guerrilha cruel, que seria diferente das Intifadas anteriores.

(b) Apertar novamente o bloqueio e exercer extrema pressão sobre Mubarak, inclusive utilizando a influência israelense no Congresso americano, para privá-lo dos bilhões que recebe anualmente em troca de seus serviços.

(c) Transformar a maldição em uma bênção, entregar a Faixa de Gaza a Mubarak, fingindo que era esse o objetivo secreto de Barak desde o início. O Egito teria de garantir a segurança de Israel, impedir o lançamento de Qassams e expor seus próprios soldados à guerra de

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