uma ampla rede de informantes e agentes - alguns manobrados por coação - construída há muito tempo completa o quadro.

Apertando todos esses parafusos os chefes militares esperam conseguir que a população local levante-se contra o Hamas e outras organizações combatentes. Toda a oposição palestina contra a ocupação entrará em colapso. Todo o povo palestino irá se render e se submeter à mercê da ocupação, que poderá fazer o que bem entender - expropriar terras, ampliar os assentamentos, construir muros e barreiras e fatiar a Cisjordânia em uma série de enclaves semiautônomos.

Nesse plano israelense o papel reservado à Autoridade Palestina é o de agir como uma força subcontratada para preservar a segurança de Israel, em troca de dinheiro que garantirá seu controle nos enclaves.

Ao final dessa fase do conflito israelense-palestino o povo palestino supostamente estará fragmentado e impotente diante da expansão israelense. A colisão histórica entre a força contínua (o projeto sionista) e o objeto inamovível (a população palestina) terminará com o esmagamento da oposição palestina.

Para alcançar esse objetivo é necessário um sofisticado jogo diplomático. Em nenhuma circunstância se pode perder o apoio da comunidade internacional. Ao contrário, o mundo todo, liderado pelos Estados Unidos e pela União Europeia, deve apoiar Israel e considerar suas ações uma luta justa contra o terrorismo palestino, que, por sua vez, deve ser visto como parte integral do "terrorismo internacional".

A conferência de Annapolis e, depois, o encontro de Paris foram passos importantes nessa direção. Quase todo o mundo, inclusive a maioria do mundo árabe, entrou em sintonia com o plano israelense - talvez ingenuamente, talvez cinicamente.

Depois de Annapolis as coisas decorreram conforme o esperado: nenhuma negociação foi iniciada, os dois lados continuam apenas jogando para a plateia. Um dia depois de Annapolis o governo israelense anunciou grandes projetos de construção além da Linha

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