Israel é uma ilha no mar global. Vivemos numa bolha. Esta semana pude perceber isso nitidamente.
Estava voltando da Alemanha. Na véspera do voo, todas as redes de televisão, da CNN e da BBC aos canais alemães, noticiavam os eventos no Paquistão. No avião, abri o tabloide de maior circulação em Israel, o Yedioth Abaronoth, para ler sobre a confusão dos paquistaneses. Não havia sinal dela na primeira página. Nem na segunda. Encontrei uma pequena nota na página 27. As primeiras páginas eram dedicadas a um assunto muito mais importante: os gritos de protesto de torcedores de futebol direitistas quando lhes pediram que ficassem de pé em homenagem à memória de Itzhak Rabin.
No dia seguinte, Yedioth descobriu um ângulo israelense que afinal lhe possibilitou colocar o Paquistão na primeira página: o medo de que a bomba nuclear paquistanesa caísse nas mãos de Osama bin Laden, que a usaria contra Israel. Aleluia, novamente temos algo a temer.
Mas o golpe de Pervez Musharaf é um assunto sério. Pode ter efeitos de longo alcance para o mundo e para Israel em particular.
A vítima principal - além, é claro, de centenas de ativistas políticos que foram jogados nas prisões - é George W. Bush.
Maquiavel disse que para o príncipe é preferível ser temido a ser amado. Na mesma linha, pode-se dizer que para os presidentes é preferível ser odiado a ser ridicularizado.