Um dos cenários possíveis: Israel bombardeia antes. Os iranianos respondem com mísseis contra Israel. Os Estados Unidos entram em ação "para salvar Israel". Que político americano atrever-se-á a protestar? Quem? Hillary Clinton??
Bush está novamente sonhando com uma guerra sem baixas americanas. Um ataque aéreo "cirúrgico". Uma chuva de bombas "inteligentes" caindo sobre milhares de alvos iranianos - nucleares, governamentais, militares e civis. Que sonho mais doce: o Irã logo se rende. O regime dos aiatolás desaba. O filho do último xá assume o trono de seu pai, o qual já foi um dia reposto no poder por baionetas dos Estados Unidos.
Como já disse, esse cenário não me convence. O que realmente acontecerá é que o Irã fechará o estreito de Hormuz. Por esse estreito, que leva o nome de uma antiga divindade persa, fluem 20 por cento do suprimento mundial de petróleo. Mede 270 quilômetros de comprimento e, no ponto mais estreito, apenas 35 quilômetros de largura. Bastam alguns mísseis e minas para fechá-lo. Seria tolerável se a guerra durasse poucos dias. Mas se durar semanas ou meses, provocará uma profunda crise em todo o mundo.
E a guerra vai durar. Não haverá escapatória para os Estados Unidos senão mobilizar grandes forças terrestres para conquistar primeiro a região próxima ao estreito e depois todo aquele grande país. Os Estados Unidos não têm forças terrestres disponíveis e além disso as forças americanas no Iraque estarão expostas a ataques de mísseis iranianos e da guerrilha dos xiitas, que são a maioria no Iraque.
Essa guerra não será rápida nem fácil. O Irã é diferente do Iraque. Comparado ao Iraque, com seus vários povos e seitas, o Irã é relativamente homogêneo. Essa guerra do Irã será uma guerra do Iraque multiplicada por 10, talvez por 100.
E nós? Como atravessaremos essa guerra?
Dado que o governo de Israel e seus aliados americanos pressionam a favor do ataque com toda sua força política, Israel não poderá deixar de contribuir para o combate, se os americanos o exigirem.