Esse era o contexto de Oslo.

Por que o barco de Oslo, de Rabin, encalhou?

Creio que boa parte dos erros foi do próprio Rabin. Ele realmente desejava obter a paz com os palestinos. Mas não tinha uma visão clara do caminho para alcançar esse objetivo e também não possuía uma ideia clara do próprio objetivo. A mudança fora rápida demais. Como a sociedade israelense em geral, Rabin era incapaz de livrar-se, do dia para a noite, dos medos, desconfianças, superstições e preconceitos acumulados ao longo de 120 anos de conflito.

Por isso Rabin não fez a única coisa que poderia conduzir o barco de Oslo a um porto seguro: aproveitar o momentum e firmar a paz com um movimento corajoso e rápido. Não conhecia o famoso dito de David Lloyd-George sobre a paz com a Irlanda: "Não se pode cruzar um abismo com dois saltos."

A personalidade de Rabin teve um impacto negativo sobre o processo. Era um homem cauteloso por natureza, lento, avesso aos gestos dramáticos (diferente de Menachem Begin, por exemplo). Isso resultou na fragilidade fatal do Acordo de Oslo: o objetivo final não foi claramente mencionado. As duas palavras decisivas - "Estado palestino" - não aparecem. Essa omissão levou ao colapso do acordo.

Enquanto os dois lados consumiram meses e anos às voltas com cada mínimo detalhe das infindáveis medidas "interinas", as forças em Israel que se opunham à paz tiveram tempo para recuperar-se e unir-se. Liderados pelos colonos e pela extrema-direita, foram sustentadas pelos ódios e pelas ansiedades gerados durante a longa guerra.

Em termos militares: Rabin foi como o general que consegue furar o front mas, em vez de despejar seus soldados pela brecha e forçar uma decisão rápida, hesita e fica parado, permitindo que os adversários se reagrupem e organizem um novo front. Em outras palavras, Rabin venceu as forças pró-guerra, mas lhes deu tempo para se reorganizar e preparar um contra-ataque.

Esse erro custou-lhe a vida.

273