O assassinato de Rabin mudou a história de Israel, como o assassinato do príncipe austríaco em Sarajevo, em 1914, mudou a história do mundo.

Diz-se que ninguém é insubstituível, mas ainda não se encontrou outro Rabin - com sua honestidade, com sua coragem, com seu raciocínio lógico.

Esta semana Ehud Olmert declarou que segue o caminho de Rabin, mas representa justamente o contrário: o contrário da honestidade, o contrário da coragem, o contrário da lógica (sem mencionar sua tendência de abraçar todo mundo e distribuir tapinhas nas costas).

Rabin realmente desejou avançar em direção à paz. Aos poucos, negociando com pouca flexibilidade, mas com coerência e persistência. Os objetivos de Olmert são bem diferentes. Ele quer um "processo de paz" sem fim - conversas, reuniões, conferências, sem qualquer movimento - e nesse meio-tempo a ocupação continua, a anexação avança, os assentamentos crescem e as chances para os dois povos vão se evaporando.

A conferência de Annapolis encaixa-se perfeitamente nesse esquema: declarações vazias, outra conferência sem resultados, um show sem sentido.

Alguns dizem que o mais importante é conversar, porque "quando se conversa não se atira". É uma ilusão perigosa. No nosso caso, acontece exatamente o oposto: enquanto se conversa só por conversar, a ocupação se aprofunda, o desespero ganha espaço e o tiroteio, de fato, nunca parou. O fracasso de Annapolis pode muito bem servir de gatilho para a Terceira Intifada.

27/10/2007

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