europeus das perseguições e dos pogroms, mas também no ideal de construir uma sociedade que seria a mais justa que a humanidade já vira, uma sociedade igualitária que serviria de modelo para o mundo inteiro. Leon Tolstoi não era menos importante para eles do que Theodor Herzl. O kibutz e o moshav eram os símbolos do projeto.
Mas esse movimento idealista desejava colonizar um país habitado por um outro povo. Como superar a contradição entre os ideais sublimes e o fato de que, para realizá-los, seria necessário expulsar o povo dessa terra?
A maneira mais simples foi reprimir o problema, ignorando sua própria existência: a terra, dissemos a nós mesmos, estava vazia, não havia gente aqui. Essa foi a desculpa que serviu como ponte sobre o abismo moral.
Só um dos fundadores do movimento sionista teve coragem suficiente para dar nome aos fatos. Ze’ev Jabotinsky escreveu, há 80 anos, que seria impossível enganar o povo palestino (cuja existência reconhecia) e obter seu consentimento às aspirações sionistas. Somos colonos brancos e estamos colonizando a terra do povo nativo, disse ele, e não há chance alguma de que os nativos aceitem isso voluntariamente. Eles resistirão violentamente, como todos os povos nativos nas colônias europeias. Portanto, precisamos de um "Muro de Ferro" para proteger o projeto sionista.
Quando disseram a Jabotinsky que sua abordagem era imoral ele respondeu que os judeus estavam tentando se salvar do desastre que os ameaçava na Europa e que, portanto, a moralidade dos judeus se sobrepunha à moralidade dos árabes na Palestina.
A maioria dos sionistas não estava disposta a aceitar essa abordagem baseada na força. Muitos buscavam ardentemente alguma justificativa moral com a qual pudessem viver.
Assim começou a longa busca por justificativas e cada pretexto suplantava o anterior, de acordo com as mudanças das modas de visões de mundo.