A primeira justificativa foi precisamente aquela da qual Jabotinsky zombara: viemos para beneficiar os árabes. Vamos redimi-los das condições de vida primitivas, da ignorância e das doenças. Vamos ensinar-lhes métodos modernos de agricultura e trazer para eles uma medicina avançada. Dar-lhes tudo, exceto empregos, porque precisávamos de todos os empregos para os judeus que trazíamos para cá e os quais estávamos transformando de judeus de guetos em um povo de operários e lavradores.

Quando os árabes mal-agradecidos resistiram ao nosso grandioso projeto, apesar de todos os benefícios que supostamente lhes trazíamos, encontramos uma justificativa marxista: não são os árabes que se opõem a nós, mas apenas os effendis. Os árabes ricos, os grandes proprietários de terras, temem que o luminoso exemplo da comunidade hebraica igualitária influencie o proletariado árabe explorado e o leve a levantar-se contra seus opressores.

Isso tampouco funcionou por muito tempo, talvez porque os árabes perceberam que os sionistas compravam as terras daqueles mesmos effendis e expulsavam os rendeiros, que as cultivavam há gerações.

A ascensão dos nazistas na Europa trouxe massas de judeus ao país. O público árabe percebeu como lhe estavam tirando o chão e iniciou uma rebelião contra os britânicos e os judeus, em 1936. Por que, perguntaram os árabes, deveriam pagar pela perseguição dos judeus pelos europeus?

Mas a Revolta Árabe ofereceu-nos uma nova justificativa: os árabes apoiam os nazistas. De fato, o Grande Mufti de Jerusalém, Hajj Amin al-Husseini, foi fotografado sentado ao lado de Hitler. Alguém "descobriu" que o Mufti tinha sido o verdadeiro instigador do Holocausto. (Anos depois, soube-se que Hitler detestava o Mufti e que ele não tinha influência alguma sobre os nazistas.)

Terminou a Segunda Guerra Mundial, veio a guerra de 1948. Metade dos palestinos derrotados tornou-se refugiada. Isso não incomodou a consciência sionista porque todos sabiam: os refugiados

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