Esse tipo de visão do mundo foi feito sob medida para nós. De fato, para nós, o mundo do choque de civilizações é o melhor dos mundos.

A luta entre Israel e os palestinos deixou de ser um conflito entre o movimento sionista, que veio para colonizar este país, e o povo palestino que o habitava. Não, foi, desde o início, parte de uma luta global que não depende de nossas aspirações ou ações. O ataque do Islã terrorista contra o mundo ocidental não começou por nossa causa. Nossa consciência pode estar completamente limpa - fazemos parte dos mocinhos deste mundo.

Esta é hoje a linha de argumentação oficial de Israel: os palestinos elegeram o Hamas, que é um movimento islamista sanguinário. (Se o Hamas não existisse, teria de ser inventado - e há quem diga que foi criado, desde o início, pelo nosso Serviço Secreto.) O Hamas é terrorista, assim como o Hezbollah. Talvez Mahmoud Abbas não seja, ele próprio, um terrorista, mas é fraco e o Hamas está prestes a tomar o controle exclusivo de todos os territórios palestinos. Portanto, não podemos conversar com eles. Não temos parceiro. De fato, nem podemos ter um parceiro, porque pertencemos à Civilização Ocidental, a qual o Islã deseja erradicar.

Em seu livro O Estado judeu, Theodor Herzl, considerado oficialmente "profeta do Estado", também previu esse desdobramento.

Em 1896 Herzl escreveu: "Para a Europa, constituiremos (na Palestina) uma parte da muralha contra a Ásia, serviremos como uma vanguarda da cultura contra a barbárie."

Herzl pensava em um muro metafórico. Mas, nesse meio-tempo, construímos um muro bem real.

Para muitos, não é apenas um muro de separação entre Israel e Palestina. É parte da muralha mundial entre o Ocidente e o Islã, da linha de frente no choque de civilizações. Além do Muro não há homens, mulheres e crianças, não há uma população palestina ocupada e oprimida, não há cidades e aldeias cercadas, como Abu-Dis, a-Ram, Bil’in e Qalqilia. Não, além do Muro há um bilhão de terroristas,

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