Hoje é Yom Kippur e quase automaticamente os meus pensamentos, como os de todos que estavam aqui naquela época, voltam àquele momento, ao Yom Kippur de 34 anos atrás.
Estava em casa, conversando com um amigo, quando as sirenes de repente começaram a soar.
O som das sirenes sempre é assustador, mas sirene no Yom Kippur é coisa do outro mundo. Afinal, esse é um dia de silêncio absoluto, dia em que nenhum carro se move nas ruas de Israel.
Lá fora havia uma agitação inusitada. Veículos militares passavam em alta velocidade, homens fardados saíam apressados carregando mochilas, aviões rugiam sobre nossas cabeças.
Reunimo-nos ao redor do rádio, que normalmente permanece silencioso no Yom Kippur. O rádio anunciou que começara uma guerra.
Não fui convocado, mas nos dias seguintes vi a guerra de diversos ângulos. Naquela época, eu era membro do Knesset e editor-chefe da revista de notícias Haolam Hazeh, mas o Knesset estava em recesso (tudo isso aconteceu em meio a uma campanha eleitoral) e a redação ficou praticamente paralisada, pois muitos dos jornalistas foram convocados para o Exército. Rami Halperin, um jovem fotógrafo que tinha recém-terminado o serviço militar e começara a trabalhar na revista, nem esperou a convocação, correu para reunir-se à sua