A propaganda dos dois lados é cheia de veneno e a violência dos dois lados alcança novos auges.
Parece um beco sem saída. Muitos palestinos já não acreditam que haja uma saída. Outros procuram soluções criativas. Afif Safieh, chefe da missão em Washington da Organização de Libertação da Palestina, por exemplo, propõe que se crie um governo palestino formado de especialistas inteiramente neutros, que não sejam membros do Fatah nem do Hamas. As chances de que isso aconteça são mínimas.
Mas um nome começa a aparecer cada vez mais frequentemente nas conversas privadas em Ramallah: Marwan Barghouti.
"Ele tem a chave na mão", dizem lá, "tanto para o conflito FatahHamas como para o conflito Israel-Palestina."
Alguns veem em Marwan o Nelson Mandela palestino.
São homens muito diferentes, na aparência física e no temperamento. Mas têm muito em comum.
Ambos converteram-se em heróis nacionais atrás das grades. Ambos foram condenados por terrorismo. Ambos defenderam a luta armada. Mandela apoiou, em 1961, a decisão do Congresso Nacional Africano de iniciar uma luta armada contra o governo racista (mas não contra os civis brancos). Passou 28 anos na prisão e recusou-se a comprar sua liberdade em troca da assinatura de uma declaração denunciando o "terrorismo". Marwan apoiou a luta armada da organização Tanzim, do Fatah, e foi condenado a várias penas de prisão perpétua.
Ambos eram favoráveis à paz e à reconciliação, mesmo antes de serem presos. Encontrei Barghouti pela primeira vez em 1997, quando participou de uma manifestação do Gush Shalom em Harbata, aldeia vizinha de Bil’in, contra a construção do assentamento de Modiin-Illit, que estava começando. Cinco anos depois, durante seu julgamento, organizamos um protesto no tribunal, com o slogan "Barghouti na mesa de negociações, não na prisão!"
Na semana passada visitamos a família de Marwan em Ramallah.