No momento, há cerca de 11 mil prisioneiros palestinos em cadeias israelenses. Calculando-se uma média de cinco "parentes próximos", tem-se cerca de 55 mil visitantes possíveis. Todos têm de solicitar permissão para cada visita e muitas vezes não a obtêm, por "razões de segurança". Fadwa também tem de pedir autorização a cada visita e só pode ir diretamente até a prisão e voltar, sem parar em qualquer outro local em Israel. Os três filhos já não podem visitar o pai, pois já ultrapassaram a idade limite de 16 anos. Só a filha ainda pode visitá-lo.

Marwan Barghouti é provavelmente o nome mais popular entre os palestinos. Nisso também se parece com Mandela, na época em que o líder sul-africano estava preso.

É difícil explicar a origem de seu prestígio. Não decorre de sua alta posição no Fatah, pois o movimento é desorganizado e quase não tem uma hierarquia clara. Desde os tempos em que era um simples ativista, em sua aldeia natal, Marwan cresceu dentro da organização pela força de sua personalidade. Trata-se daquela coisa misteriosa chamada carisma. Marwan irradia uma autoridade serena, sem maneirismos.

A guerra de calúnias entre Fatah e Hamas não o atinge. O Hamas toma cuidado para não o atacar. Ao contrário: quando apresentaram a lista de prisioneiros a serem trocados pelo soldado Gilad Shalit, Marwan Barghouti era o primeiro nome da lista, apesar de ser líder do Fatah.

Foi ele quem, com líderes presos das outras organizações, redigiu o famoso "documento dos prisioneiros", que pregava a união nacional. Todas as facções palestinas aceitaram o documento. Assim nasceu o "Acordo de Meca", que gerou o governo de União Nacional (que durou pouco tempo). Antes de o acordo ser assinado pelas partes, foram enviados mensageiros para consultar Marwan e o acordo só foi assinado depois de sua aprovação.

Aproveitei minha visita a Ramallah para ouvir a opinião dos seguidores de Marwan. Todos se esforçam para não se envolver no clima de ódio mútuo que vigora nas lideranças dos dois lados.

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