Agora a Suprema Corte provou que essas manifestações, que muitos consideravam inúteis, podem, sim, dar frutos.
(c) Não violência. Mahatma Gandhi e Martin Luther King sentiriam orgulho de discípulos como os manifestantes de BiPin.
A não violência esteve sempre do lado dos manifestantes. Posso confirmar como testemunha ocular: em todas as manifestações das quais participei nunca vi um manifestante levantar a mão contra um soldado ou policial. Quando pedras foram lançadas contra os policiais, os vídeos provaram que os agressores eram policiais disfarçados de manifestantes.
Sim, houve violência nas manifestações. Muita violência. Mas partiu dos soldados e dos policiais de fronteira, os quais, suponho, não podiam suportar ver palestinos e israelenses protestando juntos.
Em geral acontecia o seguinte: os manifestantes marchavam juntos, do centro da aldeia até a cerca. À frente, jovens homens e mulheres vestindo ou portando símbolos de não violência. Em uma ocasião estavam algemados uns aos outros. Em outra, portavam retratos de Gandhi e Martin Luther King. Outra vez foram carregados dentro de jaulas - havia ampla liberdade para a imaginação e a criatividade. Em várias ocasiões, personalidades conhecidas, israelenses e palestinas, lideravam a marcha, de braços dados.
Junto à cerca um grande contingente de soldados e policiais os esperava, vestidos com capacetes e coletes à prova de balas, armados com rifles e lança-granadas, com algemas e cassetetes pendurados nos cinturões. Os manifestantes avançavam até a cerca, sacudiam-na, agitavam suas bandeiras e gritavam palavras de ordem. Os soldados abriam fogo - granadas de gás, balas de aço revestidas com borracha. Alguns manifestantes sentavam no chão, outros afastavam-se e depois voltavam. Alguns eram arrastados, com as costas expostas raspando a estrada e as pedras, tossindo por causa do gás. Vários eram presos. Os feridos eram tratados.
Ao final do protesto, quando os manifestantes retornavam à aldeia, os meninos da região começavam a jogar pedras nos soldados, que res¬