pondiam com balas de borracha e os perseguiam pelos olivais; quase sempre os meninos, mais ágeis e mais rápidos, conseguiam escapar.

Às vezes as pedradas começavam antes, quando os meninos viam, de longe, os soldados espreitando nos arvoredos da aldeia e os manifestantes sendo arrastados brutalmente para os veículos militares. Mas, segundo o acordo entre os manifestantes, nenhum deles se envolvia em atos de violência, nem quando eram arrastados pelo chão pedregoso ou chutados e espancados, depois de caídos.

Essa combinação de perseverança, solidariedade e não violência é que converteu Bil’in em farol da luta contra a ocupação.

O caso de Bil’in tem outra face, que foi revelada em toda a sua feiura nas últimas semanas.

A Suprema Corte decidiu que o traçado da cerca, no trecho de BiPin, não se baseou em critérios de segurança, mas visou a ampliar o assentamento vizinho. Para nós, é claro, não foi surpresa. Todos que estiveram lá, inclusive diplomatas estrangeiros, puderam ver com os próprios olhos: o traçado foi determinado de maneira que a terra de BiPin seja de fato anexada a Israel, para acolher um novo projeto habitacional chamado "Matityahu Leste", além do assentamento de Matityahu, e também Modi’in Illit e Kiryat Sefer, que já existem ali.

Em outra decisão, também desta semana, a Suprema Corte, em nome de um "equilíbrio" falso, decretou que o projeto já existente em Matityahu - também em terras de BiPin - pode permanecer onde está e pode ser habitado, apesar de a mesma corte, no passado, tê-lo vetado.

E quem construiu Matityahu?

Há algumas semanas veio à luz um grande escândalo, com a acusação da empreiteira Heftsiba. A empresa faliu e arrastou, no processo, apartamentos já vendidos e já pagos. Muitos dos compradores perderam tudo o que tinham.

O dono da empresa fugiu e foi localizado na Itália. A polícia suspeita de que roubou somas imensas de dinheiro. As dívidas da Heftsiba chegam a um bilhão de dólares.

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