O Faraó, rei dos Estados Unidos, domina o mundo como o Faraó, rei do Egito, antigamente dominou a região semita. E, como império dominante, os Estados Unidos têm interesse em manter a ordem mundial existente e defendem o status quo contra todas as forças emergentes no mundo.
Israel considera sua relação especial com os Estados Unidos como principal garantia de sua segurança nacional. Nenhum território ocupado ou armamento pode substituir o cordão umbilical que liga Jerusalém a Washington - uma ligação sem paralelo no mundo contemporâneo e nem, provavelmente, em toda a história.
Muitos tentaram - e continuam tentando - explicar esse relacionamento especial, mas ninguém, até agora, conseguiu avaliá-lo em toda a sua extensão.
Esse relacionamento tem uma dimensão ideológica: os dois Estados foram criados por imigrantes vindos de longe, que tomaram um país e desapossaram a população nativa. Ambos acreditavam ter sido escolhidos por Deus, que lhes dera a Terra Prometida. Ambos começaram a colonização na costa e de lá iniciaram uma marcha histórica que parecia irresistível - os americanos, from sea to shining sea e os israelenses, da planície costeira ao Jordão.
Esse relacionamento tem uma dimensão estratégica: Israel serve à necessidade americana primordial de dominar o petróleo do Oriente Médio; os Estados Unidos são úteis para os esforços do governo israelense de dominar o país até a margem do rio Jordão e de superar a resistência da população local.
Esse relacionamento tem uma dimensão política: os Estados Unidos têm imensa influência em Jerusalém e Israel tem imensa influência em Washington. Essa influência se baseia nos milhões de judeus que emigraram para os Estados Unidos há um século. Hoje, constituem uma comunidade poderosa, organizada de maneira admirável, com impacto político-econômico em todos os centros do poder. A força combinada do lobby judaico-sionista e do lobby cristão-evangélico, que também apoia a direita israelense, é imensurável.