Estados Unidos haviam se tornado o único poder mundial, árbitro decisivo de tudo. Tão decisivo que um erudito professor chegou a imaginar "o fim da história" sob tutela americana.
O século XXI não será um segundo "século americano". Podese prever um declínio lento, mas constante, da posição dos Estados Unidos. A Europa está se unindo, lenta mas firmemente, e seu poder cresce continuamente. A Rússia está voltando gradualmente a ser uma grande potência, graças às suas enormes reservas de petróleo e gás. E, mais importante: dois gigantes populacionais, China e índia, estão escalando rapidamente os degraus do crescimento econômico.
Provavelmente, nada de dramático acontecerá. Os Estados Unidos não sofrerão um colapso súbito, como a União Soviética, gigante com pés de barro. Não sofrerão derrota militar, como a Alemanha nazista, cujas ambições militares megalomaníacas se apoiavam em uma base econômica bastante inadequada. Mas o poder relativo dos Estados Unidos está em processo inevitável de declínio gradual.
Os eventos no Iraque são um pequeno exemplo. Os Estados Unidos não embarcaram nessa aventura apenas para proteger Israel, como afirmam em novo livro os professores Walt e Mearsheimer. Tampouco para livrar o pobre Iraque de um tirano sanguinário. Como escrevemos naquele momento, os Estados Unidos invadiram o Iraque para tomar o controle das reservas de petróleo essenciais do Oriente Médio e para instalar uma base americana permanente na região petrolífera. Agora os americanos estão afundando, como se esperava, num pântano. Mas um país como os Estados Unidos, que foi capaz de absorver a derrota vergonhosa no Vietnã, também absorverá o fiasco iminente no Iraque. O poderio militar dos Estados Unidos, sem igual no mundo, baseia-se em seu poder econômico sem precedentes.
No entanto, muitas pequenas derrotas somadas fazem uma grande derrota. A guerra feriu o prestígio americano, a autoconfiança e sua imagem moral (Guantánamo, Abu Ghraib). Houve épocas em que os Estados Unidos inspiravam admiração em todo o mundo. Hoje em dia pesquisas de opinião demonstram que em quase todos os países