De qualquer maneira, para satisfazer o presidente Bush, Olmert agora está disposto a cooperar com Abbas e escrever algo como um "esboço" que ponha no papel os princípios de um acordo que poderá ser alcançado mais tarde - mas sem detalhes ou cronograma.
Segundo informações que têm vazado, o acordo repetirá mais ou menos as propostas de Ehud Barak em Camp David, inclusive algumas propostas bizarras, como a soberania de Israel "abaixo" do Monte do Templo. O Estado palestino terá fronteiras "temporárias" e as fronteiras "permanentes" deverão ser fixadas em algum momento futuro.
Olmert exige que o Muro de Separação sirva como fronteira "temporária". Isso, aliás, confirma o que dissemos desde o primeiro momento e que foi violentamente negado, mesmo diante da Suprema Corte: que o traçado do Muro não reflete critérios de segurança, mas foi planejado para anexar a Israel 8 por cento da Cisjordânia. Nessa área se encontram os "blocos de assentamentos", aqueles que o presidente Bush generosamente prometeu anexar a Israel.
Tudo isso é muito perigoso para os palestinos. De fato, se esse documento for concluído, determinará oficialmente o mínimo que o governo de Israel está disposto a ceder, mas poderá ser interpretado como se definisse o máximo que os palestinos poderão pedir. Na política não há nada mais permanente do que o "temporário".
Tudo isso também é perigoso para os israelenses. O documento pode criar a ilusão de que uma "solução" como essa poria fim ao conflito. De fato, nenhum palestino a considerará uma solução verdadeira e o conflito prosseguirá.
Como a opinião pública verá esse plano? Olmert já deve ter encomendado pesquisas para descobrir. Não sabemos os resultados. Como Sharon, Olmert também mantém os resultados em segredo.
25/8/2007