discutíamos feio, mas no fim um dos dois geralmente cedia - quase sempre eu. Nas raras vezes em que não chegávamos a um acordo, eu escrevia o que queria (e mais de uma vez me arrependi).
Ela cortava todos os ataques pessoais que considerava injustos. Exageros. Todas as falhas lógicas - ela identificava contradições que me escapavam. Melhorava meu hebraico. Mas sobretudo acrescentava a palavra mágica "quase".
Eu tenho tendência a generalizar. "Todos os israelenses sabem...", "Os políticos são cínicos..." - ela mudava para "Quase todos os israelenses...", "Amaioria dos políticos...". Nós brincávamos, dizendo que ela aspergia "quases" nos meus artigos como um cozinheiro asperge sal na comida.
Ela nunca escreveu um artigo. Nem dava entrevistas. Quando alguém fazia o pedido, ela respondia: "Para que então me casei com um porta-voz?"
Mas seu real talento era outro. Ela era a perfeita professora, vocação que exerceu por longos 28 anos.
Isto se deu sem qualquer planejamento, depois de ela ter feito um curso do Exército para professores.
Antes do fim do curso, ela foi praticamente sequestrada pelo diretor de uma escola primária. Muito antes de receber seu diploma de professora, ela já era uma lenda viva. Os pais bem relacionados puxavam cordinhas para conseguir que os filhos frequentassem sua classe. Uma piada dizia que as mães planejavam a gravidez de modo a que os filhos tivessem seis anos quando Rachel estivesse ensinando na primeira série. (Ela só aceitava dar aulas para a primeira e a segunda séries, considerando que representavam a última oportunidade de formar o caráter de uma criança.)
Entre seus alunos estavam os filhos de artistas e escritores ilustres. Recentemente, um homem de meia-idade nos interpelou na rua: "Professora Rachel, eu fui seu aluno na primeira série! Devo-lhe tudo!"
Como é que ela fazia isso? Tratando as crianças como seres humanos e lhes infundindo respeito próprio. Quando um menino não